sexta-feira, 24 de junho de 2011

Episódio 9


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Ai que rapaz mais irritante! - pensei
- E daí eu não o deixo aqui a sangrar, logo ande daí!
- Ok, mas não vou ao hospital!
- Está bem.
Caminhamos até à porta da minha escola de guitarra.
Pedi lá que me dessem da caixa de primeiros socorros de onde puxei do algodão e do alcool e estanquei o sangue seco que provinha dos murros que levara. Aquilo devida provocar imensas dores, mas nem se queixara. Ele era estranho .
-Como te chamas?-perguntei
-Damen e tu?
-Alice.
-Sabes quem eram os homens que te atacaram- perguntei com um tom visivelmente preocupada.
Fez-se um silêncio sombrio que acabou por ser interrompido pela pergunta dele
-Porque é que me ajudaste?...aí
-Desculpa. Sinceramente não sei acho que gostava que fizessem o mesmo por mim.
-Não estás bem com a tua vida pois não?
Pensei antes de responder. Não conhecia aquele tipo de lado nenhum e estava-me a perguntar aqui sobre aquilo que talvez mais me magoava mas que mal fazia provavelmente nunca mais o iria ver.
-A minha melhor amiga foi para o estrangeiro e provavelmente não a volto a ver tão rapidamente e aa minha outra melhor amiga anda com a rapariga mais estúpida da escola, ou seja estou completamente sozinha...como vez nada de mais.
-Ok. Estou a perceber e desculpa por ter perguntado
-Não há problema.Estás pronto- disse-lhe
-Obrigado-respondeu ele com o sorriso matreiro
Peguei na guitarra e liguei à minha mãe a explicar o que tinha acontecido e porque estava atrasada.
A minha mãe ignorou-me pois ainda estava chateada devido a ter-me esquecido de limpar o quarto.
-Ficas bem?- perguntei a Damen que por esta altura já tinha vestido o pesado casaco de cabedal.
-Sim fico.Adeus
Fui apanhar o autocarro.
Já tinha escurecido e já devia passar das oito da noite.Sentei-me na paragem á espera do autocarro.
Estava sozinha no meio daquela rua onde já não passava carros à um bom bocado. Peguei  nos phones e pus-me a ouvir musica.
Fechei os olhos pois doía-me a cabeça doia-me mas assim que os fechava não me parava de vir à cabeça
flashes daquilo que se passara naquela ruela, da vergonha que aqule rapaz demostrava no olhar.
- Alice
-Dri-disse atrapalhado interrompendo o meu pensamento.
Dri era a alcunha do Rodrigo Santos da minha escola . Este era um rapaz popular lá na escola, mas apesar disso este era um rapaz bastante normal e acessivel com o cabelo curto preto e os olhos castanhos.
-Desculpa não te queria assustar!
- Não há problema ... O que fazes aqui?
-Eu vou para casa
-Eu também vou. Tou só à espera do autocarro
-Queres que espere contigo!?
-Não obrigada o autocarro deve estar mesmo a chegar.
-Ok então vemo-nos amanhã na escola.
- Está bem. Xau
-Adeus
Passado alguns minutos chegou o autocarro. Entrei este estava quase vazio então tirei o casaco e comecei a desenhar no meu caderno de musica .
Os riscos que formara o desenho inicialmente não passava disso mesmo, de riscos, mas estes começaram a formar um anjo,mas não um daqueles normais,este era diferente, era um anjo negro. Mais o carvão desenhava mais as linhas do rosto ficavam mais realçados, formando um rosto, o de Damen.O lápis continuava a mexer quase sozinha formando o que parecia ser uma manhcha de sangue junto as botasa pesadas que ela calçava . Este estava vestido com uma calças de cabedal e uma t-shirt preta.
Aquela imagem que o desenho formara esta finalmente completo.
Agora finalmente conseguia ver o sangue que lhe corriam pelas cicratizes pelo corpo e pela pequena lâmina com um cabo de madeira  que este segurava . Conseguia ver o seu olhar perdido e de dor. Das asas negras via-se as penas a cair como folhas de outono, esta queda era progressiva que parecia estar a destrui-lo, a despir-lhe a sua beleza
Saí na paragem do Principe Real e corri para casa onde a minha mãe me esperava com ar de poucos amigos.
Após lhe explicar o que se passara e ter percebido que era devido à minha camisola estar ensanguentada que as pessoas me olhavam de lado no autocarro fui jantar.
 Após jantar, fui para o quarto, com aquela perturbadora imagem daquele rapaz todo  esmurrado, estava bastante perturbada e a minha primeira reacção foi mudar de t-shirt e pegar no computador e ir para o skipe, para tentar falar com a minha amiga. A Kris. Era estranho pois já não a via há mais de duas semanas, mas como estava tão agoniada com aquele cenário, que tive de o fazer.
- Que sorte a Kris está online! – disse eu para mim mesma, já não aguentava tinha de falar.
- Kris, are you there? – disse-lhe no gozo
- “ Yes I am! Já há muito tempo que não falávamos! Estou a ver pela a tua cara que tu não estás lá grande coisa, não é verdade? ” – é engraçado ela sabe logo como é que eu me sinto – pensei
- Bem tu sabes sempre o que se passa comigo é impressionante! Nem que estejas não sei quantos quilómetros de distância!
- “ Pois, tu sabes como é que é”
- Desculpa por estar a incomodar, mas é que eu preciso de falar com alguém.
- “ Oh! Alice tu nunca me incomodas. Vá deita tudo cá para fora!”
- Bem tu nem sabes o que me aconteceu hoje. Estava a ir para casa depois de ter tido as aulas de guitarra, até que eu ouvi um grito, e como tu sabes que eu sou muito cusca, foi ver o que se passava, e foi então que vi um rapaz a ser esmurrado, e a minha primeira reacção foi por um toque de um carro da polícia que tinha no telemóvel, o agressor fugiu e eu foi ter com o tal rapaz para ver os seus ferimentos para o ajudar, ainda tentei leva-lo para o hospital mas ele não queria, e acabei por leva-lo á escola de música para estancar o sangue, o mais esquisito disto tudo é que ele não se queixava, depois de estancar o sangue cada um seguiu as suas vidas.
- “ OH MY GOD! E como é que tu estás rapariga? Deves ter apanhado cá um susto!”
- Podes querer! Kris eu estou super agoniada aquelas imagens não saem da cabeça, não tiro aquele rapaz da minha cabeça!
- “ Bem o que posso dizer-te agora é que tu tens de pensar em outras coisas. Então como vão as coisas aí? A Mary está boa?”
- Bem por aqui não vai lá grande coisa. A Mary já não anda comigo, agora anda com a Andreia.
-“ A sério!?”
- É verdade
- “ Olha amiga tenho de ir almoçar, depois falamos está bem? Adorei falar contigo já estava cheia de saudades.”
- Eu também, adeus Kris, depois falamos. Beijos
- “Beijos amiga!”
E assim terminou a nossa conversa, soube bem, consegui desabafar tudo aquilo.




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