terça-feira, 28 de junho de 2011

Episodio 11

-Olá – disse
-Olá –respondeu sorrindo - Chegaste bem a casa ontem?
-Sim cheguei - disse. Era a primeira vez que alguém perguntava se eu estava bem desde a partida da Kris
- Olha, posso te pedir um favor?
-É claro – disse-lhe surpreendida com tal pergunta.
- Tu és uma das melhores alunas da turma a Inglês e a português podias-me ajudar com a matéria é que sou um zero à esquerda …
- Está bem mas não temos muito tempo, os testes do final do período estão a chegar, temos apenas duas semanas para preparar tudo.
- Podia-mos combinar hoje o que achas -perguntou um pouco receoso da minha reacção
-Por mim tudo bem
- Dri, meu, despacha-te, o pessoal não espera mais por ti.
- Já vou David – respondeu
-Então até logo - disse-lhe
-Até logo o quê tu não vais para a aula de Português?
- Vou mas...
- Mas sem mas nem meio mas vens comigo.
Puxou-me pelo braço. Dri fazia parte da equipa de futebol e basquetebol da escola e tinha os braços bem compostos.
Estávamos quase a chegar à sala de aula quando a Andreia barrou-nos a entrada.
- Ó tu, sua grande parvalhona, larga o meu namorado - vociferou ela irritada. Após isso esta deu-me um pontapé nas canelas, que me deitou ao chão com as dores e beijou-o .
Este empurrou-a até esta o largar e foi me ajudar.
-Eu disse-te que não era boa ideia, porque é que te dei ouvidos – disse-lhe bastante perturbada dando um esticam para me libertar do braço dele.
-Desculpa não esperava que isto acontecesse.
- Virei-lhe as costas praguejando devido às dores que tinha na perna.
Sentei-me na mesa da frente junto ao professor. Dentro da aula de Português tudo era uma confusão, o professor não metia qualquer respeito aos alunos.
Eu era dos poucos que tirava algum rendimento desta aula, pois a paixão que via no professor Rúben pela língua fascinava-me fazendo que também eu quisesse ter essa paixão. Os poemas de Camões, onde os monstros e as criaturas marinhas reinavam no oceano sem fim onde apenas os bravos ousavam entrar para alguns não saírem, ou mesmo, o sentido cómico de Almeida Garrett que gozava com a sociedade do seu tempo fazendo, mesmo um retrato desta, isto tudo, maravilhava-me pois estes homens tornavam a língua em Imagens, em cenas, sonhos, pensamentos.
Mas quando a aula acabou sabia que ia voltar ao mundo real, onde não havia um José Félix e uma Joaquina para nos salvar a pele.
-Saí o mais rápido que pude mas não suficiente, pois fui agarrada pelo braço pelo Dri no corredor.
O corredor estava quase vazio, toda a gente já se tinha dispersado para o pátio e a sala de convívio. Tentei fazer que este me largasse o braço mas nada parecia resultar, foi então, que este me empurrou contra a parede do corredor e encostou-se a mim tentando evitar que eu começa-se a espernear e a bater-lhe na tentativa de sair dali.
-Para quieta – disse-me baixo
- Larga-me, não quero falar contigo, vai ter com a tua namoradinha pois eu não estou para ser o saco de pancada de ninguém – vociferei
- Andreia não é minha namorada e além disso eu não vou deixar que ela te faça mal outra vez.
- Viu-se à pouco, eu levei um pontapé e tu não fizeste nada.
- Nunca pensei que ela fosse fazer isso, nós já acabemos à mais de um mês.
-Esquece, não tinha tido problemas até tu chegares e assim vou continuar…
- Sozinha.
-Sim sozinha – tais palavras fizeram a minha garganta secar.
Este encostou a cara dele à minha e sussurrou-me ao ouvido mas não consegui perceber o que ele dizia pois a minha respiração ofegante e o meu ritmo cardíaco acelerado bloqueou os meus sentidos. Não consegui reagir.

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